Domingo, 17 Janeiro 2021
Como são desenvolvidos seus projetos em oftalmologia no interior do Estado de Alagoas ?
No começo era solitário. Foi um grande desafio para mim, mas depois chegaram outros três colegas que trouxeram o conforto da companhia. Cada vez mais tenho certeza de que quero continuar no interior e desenvolver outros projetos. As pessoas da cidade tinham medo, achavam que eu usaria o interior como trampolim para outros lugares.
Quais são seus projetos atuais ?
Estou num momento da minha vida profissional e pessoal onde tenho pensado no outro, no carente. Tenho pensado em construir um consultório móvel, um ônibus talvez, onde possa sair por aí, ir a lugares distantes onde o atendimento de qualidade não chega. Tem ainda um projeto que gostaria de desenvolver com os índios. Nós temos uma grande dívida com eles e acho que fazendo um trabalho na área de saúde estaríamos devolvendo parte do que nós tiramos deles. Falo saúde porque na anamnese sempre descobrimos outras coisas fora a área de oftalmologia. Nesse projeto eu conto com os colegas que trabalham comigo e com a ajuda da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde).
A senhora também pretende fazer transplantes de córneas ?
É verdade. Pretendo montar um banco de olhos e o desafio nesse caso é conscientizar a população sobre as doações, porque a técnica nós dominamos. Como conheço bem Palmeira dos Índios (pequena cidade do interior alagoano), acredito que não vai ser difícil conscientizar a população.
Que considerações a senhora poderia fazer a respeito das campanhas nacionais para a visão, como a de catarata, por exemplo ?
Há uma preocupação muito grande em atingir números e isso compromete a qualidade do serviço oferecido. As pessoas carentes são as que mais precisam de assistência do médico no pós-operatório, e nesses casos de campanha não há tempo. Eu defendo a campanha de catarata, mas gostaria que ela permitisse um melhor acompanhamento do paciente.
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