De acordo com dados do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a
Ilegalidade, de 24 milhões de óculos de sol produzidos durante o ano, apenas 7
milhões são frutos de indústrias idôneas. Fabricados ilegalmente e
comercializados em praias, barracas ou até mesmo ópticas regulares, os óculos
piratas prejudicam a visão do consumidor e causam mais danos do que podemos
imaginar. A Abióptica - Associação Brasileira da Indústria Óptica - e o
oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, explicam os
riscos que o uso de óculos de sol ilegais podem trazer à saúde.
Os problemas começam logo na fabricação. Ao contrário dos originais,
que apresentam um processo de controle e lentes que protegem dos efeitos nocivos
do sol, os óculos ilegais contém coloração escura por terem suas lentes
tingidas, sem passar por qualquer técnica especial. A cor forte provoca
dilatação da pupila, o que permite que mais raios prejudiciais passem pelos
olhos. Com isso, os danos causados para a saúde só aumentam. "Ao comprar seus
óculos, seja de grau ou de sol, o consumidor deve procurar um profissional e
exigir que a lente seja de policarbonato para obter 100% de proteção contra os
raios solares UVA e UVB. Na dúvida, consultar sempre um especialista, que será
capaz de orientar sobre as melhores soluções que não prejudiquem sua visão",
garante o oftalmologista.
Os problemas mais leves que o uso de lentes piratas pode causar vão
desde uma simples dor de cabeça, até desconforto e cansaço visual. A longo
prazo, no entanto, os olhos expostos aos raios UV podem desenvolver doenças como
fotoceratite, pterígio, catarata e degeneração macular. De acordo com dados da
OMS - Organização Mundial de Saúde - 20% dos problemas de catarata ocular - que
resultam em três milhões de casos por ano - são conseqüências de problemas
causados pela exposição errada ao sol.
Na luta contra a pirataria
e a ilegalidade desde 2006, a Abióptica busca combater a informalidade e
proteger o consumidor de produtos ópticos que prejudiquem sua saúde. Até
fevereiro deste ano 21,5 milhões de óculos foram apreendidos, outros 10,8
milhões destruídos e outros 4,5 milhões aguardam destruição. Os itens não podem
ser leiloados ou doados, por apresentarem diversos malefícios à
saúde.
Óculos de Grau e
Lentes em Geral
Além dos óculos de sol, a
indústria da pirataria e falsificação também chega ao mercado dos chamados
óculos de grau, aqueles usados para a correção de deficiências visuais. Nesse
caso, embora com outros tipos de problemas e/ou doenças, o uso de um equipamento
inadequado pode ser tão ou mais prejudicial à saúde quanto no caso dos óculos de
sol. Tanto que, desde 2009, a venda de óculos de correção em farmácias é
terminantemente proibida pela ANVISA e só pode acontecer em estabelecimentos
especializados, com receita médica. Ao todo, o mercado nacional consome 8
milhões de unidades/ano deste tipo de equipamento..
Dificuldades na
Escola
Como associação
representativa de um setor importante da economia nacional, a Abióptica
promoverá durante a Expo Abióptica 2010 um amplo debate sobre a necessidade de
um exame visual pré-escolar no Brasil.
Baseado em números do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia, sabe-se que hoje no Brasil 36% do total de
repetência na rede nacional de ensino estão ligados a alguma disfunção visual.
"O papel da entidade é fomentar debates entre a iniciativa privada e o Poder
Público para levar a todos os estudantes a possibilidade de identificar os
problemas. O mau rendimento do aluno e a possível repetência custam mais ao
Estado do que campanhas para realização de exames e subsídio dos óculos",
acredita o presidente da Abióptica, Bento Alcoforado.
Outro estudo, desta
vez do Intituto Penido Burnier, de Campinas, sob coordenação do Dr. Leôncio
Queiroz Neto, realizado com 36 mil crianças entre 3 e 8 anos, aponta que 12%
possuem algum tipo de distúrbio como ambiopia, miopia e
hipermetropia.
Sobre a Abióptica - A Abióptica - Associação Brasileira da Indústria
Óptica - consolida-se como a mais importante instituição do segmento óptico
brasileiro. Com mais de 120 associados e 12 anos de história, a Associação reúne
95% das empresas do setor e acolhe indústrias, fabricantes, importadores e
distribuidores - incorporando o varejo e a mídia especializada. A entidade visa
à promoção de negócios no segmento e à regulamentação do setor óptico nacional.
Sobre Dr. Leôncio Queiroz Neto, Oftalmologista do Instituto Penido
Burnier -Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da PUCCAMP em
1985 com título de especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e
Associação Médica Brasileira. Especial interesse por traumas oculares, doenças
externas oculares, córnea, catarata e cirurgia refrativa.