10/12/2014
Laser de Femtosegundo: A tecnologia a favor dos olhos
Dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a catarata é uma das
principais causas de cegueiras do mundo, principalmente entre os idosos.
De acordo com a OMS, a doença atinge 17% das pessoas entre 55 e 65
anos, 47% das que têm entre 65 e 75 anos e 73% das que têm mais de 75
anos. No Brasil, a catarata é responsável por cerca de 350 mil casos de
cegueira por ano, sendo 18 milhões em todo o mundo.
No
entanto, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a
catarata é um dos poucos problemas oculares cuja cegueira pode ser
reversível, por meio da realização de procedimento cirúrgico, que pode
recuperar praticamente 100% da visão. No Brasil, o acesso à cirurgia,
considerada tecnicamente rápida e de risco baixo (porém complexa), ainda
é precário mesmo com a técnica convencional. Enquanto nos países
desenvolvidos são realizadas cinco mil cirurgias por milhão de
habitantes, ao ano, o Brasil não chega nem ao mínimo aceitável de três
mil cirurgias.
O
procedimento cirúrgico é a única opção de tratamento à doença, já que a
cura só é possível com a troca do cristalino e a recuperação,
geralmente, ocorre dentro de uma a duas semanas. Atualmente, existem
três práticas cirúrgicas utilizadas: a extração extra-capsular (técnica
antiga, empregada em casos raros), a facoemulsificação convencional, e a
cirurgia mais moderna de facoemulsificação com a
utilização de laser de femtosegundo. A facoemulsificação é uma técnica
avançada na qual se faz uma pequena incisão na córnea, de cerca de 3 mm,
onde é aspirado o cristalino doente e depois implantado a lente
intraocular. Recentemente, parte da cirurgia é realizada com a
utilização do laser com maior precisão e reprodutibilidade, e,
consequentemente, maior segurança ao paciente e ao médico.
Já o laser de femtosegundo é um tipo de laser,
que permite a realização de uma cirurgia ainda mais precisa e com
melhor resultado final. As complicações das cirurgias de catarata eram
geralmente relacionadas a erros de cálculo da lente, complicações
durante e após o procedimento, mas com o femtosegundo tais preocupações
diminuem muito. Outro benefício, é que a utilização do laser faz com que
o posicionamento do implante das lentes intraoculares seja mais
reprodutível e, com isso, a cirurgia se torna mais segura, corrigindo pequenos detalhes que antes não estavam acessíveis à mão humana. Nesse sentido, o posicionamento da lente intraocular mais reprodutível, junto com a experiência do cirurgião, aumentam as possibilidades do paciente dispensar o uso de óculos para longe e/ou perto.
Além
disso, as vantagens se estendem tanto para o paciente quanto para o
cirurgião. Este tipo de procedimento traz uma maior previsibilidade nos
resultados, recuperação rápida e boa qualidade de visão já no
pós-operatório precoce.
Dr. Richard Yudi Hida
Oftalmologista, Chefe
do Setor de Catarata do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de
São Paulo e Diretor Técnico do Banco de Tecidos Oculares da mesma
instituição.
Dezoitocom