20/10/2006
Mais visão transforma ambiente escolar
Em sua terceira edição projeto social ganha software de triagem visual que
faz do professor um agente multiplicador de saúde.
Iniciativa da Fundação Penido Burnier, braço social do Instituto Penido
Burnier, o projeto social, Mais Visão, acontece anualmente desde 2004. A
proposta é combater a evasão escolar que tem como maior causa a baixa visão,
oferecendo às crianças em início do processo de alfabetização consultas
oftalmológicas e óculos gratuitos.que são fornecidos pela Tecnol (armações)
e Transitions (lentes fotossensíveis) e Instituo Varilux da Visão (lentes
oftálmicas).
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) demonstram que os erros
refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia) acometem 153 milhões de
pessoas no mundo, são importante causa da deficiência visual e respondem
pela exclusão social de 13 milhões de crianças com idade entre 5 e 15 anos e
de 43 milhões de adultos do mercado de trabalho.
Para quebrar este ciclo, o projeto social está sendo realizado em parceria
com a Prefeitura Municipal de Campinas. De acordo com o diretor médico do
Mais Visão, Leôncio Queiroz Neto, a escola é um ambiente propício para a
prática da educação em saúde, já que o educador é o mais adequado agente
multiplicador de hábitos saudáveis entre seus alunos.
Este ano 27 mil crianças foram triadas pelos professores a partir de um
software desenvolvido pela equipe da Fundação Penido e através de Cartas de
Snellen impressas. Queiroz Neto afirma que o software foi desenvolvido para
tornar a triagem visual nas escolas um processo eletivo de prevenção à saúde
ocular e está disponível para todas as instituições de ensino do país no
site do hospital www.penidoburnier,com.br.
Desde sua primeira edição, o Mais visão já beneficiou 34,6 mil crianças e
nesteano pela primeira vez se estendeu às crianças da pré-escola. Isso
porque, explica Queiroz Neto, em 2005 a incidência de ambliopia (olho
preguiçoso) atingiu 10% dos participantes contra os 4% previstos pelo CBO
(Conselho Brasileiro de Oftalmologia). Para prevenir o maior
comprometimento da visão na idade adulta, comenta, quanto antes for
iniciado o tratamento com a oclusão do olho de maior visão, melhor é o
resultado.
Consulta Médica Integra Saúde e Entretenimento
Das 27 mil crianças triadas no Mais Visão 3,37 mil (12,5%) não enxergam bem.
Entre as crianças do ensino fundamental triadas pelos professores e
retriadas simultaneamente a atividades culturais pela equipe da Fundação
Penido Burnier na Estação Cultura de Campinas, 574 foram encaminhadas para
exames médicos.
As consultas aconteceram em clima de entretenimento. No estacionamento do
Instituto Penido Burnier foram montados brinquedos para que as crianças
pudessem se divertir enquanto aguardavam o atendimento médico.
O entretenimento contou com o patrocínio da Les Coussins, empresa
especializada na confecção de almofadas decorativas que desde sua fundação
pela designer, Fátima Queiroz, vem realizando trabalhos pontuais de inclusão
social junto a grupos e cooperativas de artesãos.
Quase metade dos estudantes, 245, necessitam usar óculos. Segundo Queiroz
Neto a maioria nunca teve acesso à correção visual, embora em média os
vícios de refração diagnosticados tenham ficado acima de 5 graus com alguns
casos de até 11 graus. A maior incidência foi de hipermetropia (dificuldade
de enxergar de perto) que responde por 39% dos vícios de refração, seguida
de miopia (dificuldade de enxergar de longe) que atingiu 36% das crianças e
25% de astigmatismo (dificuldade de foco por irregularidade da córnea).
FALTA PREVENÇÃO EM SAÚDE VISUAL
Nas consultas do ensino fundamental foram diagnosticados 12 casos de doenças
congênitas, sendo 4 cataratas, 2 retinopatias da prematuridade, 3 casos de
toxoplasmose e 3 degenerações retinianas com atrofia do nervo óptico. O
Teste do Olhinho detecta tumores oculares, catarata e a leucocoria, menina
do olho branca. Queiroz Neto explica que a obrigatoriedade do exame no
Brasil é o primeiro passo para uma política efetiva de prevenção da saúde
ocular.
O Teste do Olhinho, ressalta, é feito nas primeiras horas de vida
com a emissão de uma luz vermelha na pupila do recém-nascido, por meio de um
oftalmoscópio. Nos olhos saudáveis esta luz é contínua. Em portadores de
catarata, leucocoria ou tumor ocorre ausência de reflexo ou assimetria. Além
disso, enfatiza, o exame chama a atenção para outros fatores como o
estrabismo congênito, sendo fundamental para reduzir a deficiência visual.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) demonstram que as alterações
congênitas atingem 3% dos bebes no mundo. Segundo o especialista a catarata
é uma das mais comuns anomalias infantis que responde entre 10 e 39% da
cegueira infantil.
AMBLIOPIA É AINDA MAIOR
A triagem também apontou que das 22 mil crianças da pré-escola, 2,8 mil têm
problemas na visão. Dessas 840 (30%) são portadoras de diferença importante
de acuidade visual entre os olhos que caracteriza a ambliopia. O tratamento
preventivo pode evitar a cegueira monocular em 60% dos casos, destaca
Queiroz Neto, O especialista ressalta que no Brasil 4 milhões de pessoas têm
deficiência visual que é a acuidade no melhor olho entre 20/60 e 20/400. O
tratamento preventivo da ambliopia pode evitar a cegueira monocular em 60%
dos casos, destaca. O atendimento da pré-escola foi iniciado em outubro e
vai se estender por doze meses, sendo que a cada mês 240 crianças recebem
atendimento médico.
A entrega dos 245 óculos do ensino fundamental acontece no anfiteatro do
Instituto Penido Burnier, logo no início de novembro, em data a ser
definida.
Os óculos das crianças da pré-escola começam a ser entregues na volta às
aulas e deve seguir um cronograma trimestral conforme as consultas forem
sendo realizadas.
PESQUISA INÉDITA DEMONSTRA RELAÇÃO ENTRE VISÃO E APRENDIZADO
O Mais Visão é o primeiro projeto social no Brasil a levantar indicadores
sobre a relação entre a visão e o aprendizado. A pesquisa foi desenvolvida
pela Secretaria de Educação de Campinas no primeiro semestre do ano letivo
2006 com os 118 alunos que receberam óculos no projeto realizado no ano
passado. Levou em conta não só a performance em sala de aula como também a
percepção dos pais.
Para os professores, após cuidados médicos e uso de óculos 50% das crianças
tiveram melhora no rendimento escolar. A avaliação do corpo docente também
mostra que 51,1% conseguem desenvolver atividades que antes não conseguiam,
57% concentram-se mais, 49% finalizam tarefas que antes não terminavam e
36,2% estão menos agitada.
Para os pais 88% têm maior interesse pelos estudos e concentram-se mais nas
tarefas. Eles também afirmam que as crianças que sentiam dor de cabeça
pararam de se queixar, 68% não se incomodam em usar óculos e que 91%
conseguem realizar tarefas que antes não conseguiam.
LDC Comunicação
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